terça-feira, 6 de abril de 2010

WEB X FIÉIS

A fé não é a mesma na rede. Ou melhor, mudam os homens e mulheres que praticam sua religiosidade pela internet. A tese é de Lúcia Pedrosa de Pádua, coordenadora do grupo Cultura Religiosa, do Departamento de Teologia da PUC-RJ. Segundo ela, existe na web um público cada vez mais interessado em questões relacionadas à espiritualidade, e menos em questões institucionais das igrejas. "O que importa para os internautas são, principalmente, experiências de vida e a presença de Deus no cotidiano", diz.


Entre as razões para isso está, é claro, a liberdade que os internautas/fiéis encontram na rede para trocar mensagens - e para a circulação de ideias propriamente. "Na internet, a interação com e entre fiéis é enorme, pois o internauta tem a possibilidade de responder a qualquer questão no ato. Essa chance de resposta e discussão não é possível em outras situações", explica Luís Mauro Sá Martino, professor de comunicação social da Faculdade Cásper Líbero e pesquisador do Núcleo de Estudos Religião e Sociedade da PUC-SP. Martino é um estudioso da migração das religiões para as mídias eletrônicas.

Após a entrada da fé nos domínios virtuais, as religiões e seus líderes poderão ser obrigados a reavaliar sua atuação também, avaliam os especialistas. "Alguns grupos religiosos são mais ágeis quanto a isso e valorizam o visual dos conteúdos, por exemplo. Outros ainda não se adaptaram à rede e apenas publicam textos escritos, em formato tradicional. Mas, com o tempo, vão percebendo as particularidades do meio", aposta Lúcia Pedrosa.

Desafios - O filósofo e educador Mario Sérgio Cortella destaca desafios a serem enfrentado pelas instituições religiosas: "As igrejas não podem admitir que os fiéis ancorem na digitalização. Ao afastá-lo da atividade religiosa do dia a dia, a fidelização se torna mais difícil. Sem o contato direto, a relação se torna muito abstrata", opina.

Lúcia Pedrosa lembra que, em geral, as religiões colocam grande ênfase na experiência comum, na comunhão, durante seus ritos, não comportando integralmente hábitos solitários ou individuais. "A rede não substitui a dimensão comunitária que as religiões têm em sua origem: é apenas mais uma forma de remeter ao encontro presencial", ressalta.

Fonte: Veja

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